Entre o Hino de Lupi e a Estrela de Everaldo, no pavilhão maior do
clube, há Ortunho – apelido que cunhou por aparência física com jogador
Uruguaio Campeão do Mundo em 1950, de mesmo nome – lateral esquerdo vigoroso e
vitorioso.
O Negro Ortunho. Para Negro não servia, era Negrão. A figura dele
exigia o aumentativo. Forte e imponente, chegava a assustar pela imposição
física e no campo era uma fera a proteger a bola.
Fora do campo, uma moça, como se dizia de quem era doce e humanitário
no procedimento.
Ortunho começou no Nacional de Porto Alegre e logo a seguir foi para o
Força e Luz, de longa história no futebol da cidade. Dali para o Vasco venceu
dois títulos estaduais e voltou para se consagrar no tricolor, ganhar o coração
da torcida e deixar sua marca na Calçada da Fama.
Campeão Gaúcho de 1959, 1960, 1962, 1963, 1964, 1965, depois de ser bi
Estadual no Rio, também faturou o citadino – importante na ocasião – em 1959 e
1960, ainda sobrou para vencer um Pan-Americano em 1956. Vestiu a camiseta
amarela da Seleção Canarinho – 1956 e 1960.
Ortunho faleceu em 22 de novembro de 2004 e deixou saudades,
reverência e admiração eternamente para o torcedor gremista e muitas histórias,
entre elas heroico Grenal em que se feriu na cabeça, e, sangrando
abundantemente retornou ao gramado com uma faixa branca na cabeça – vide foto.
Agora prestem a atenção na foto. Ortunho com a faixa na cabeça. Um
negro carregado nos ombros, levantado à glória, por um monte de brancos, e isto
na década de 60, onde, por suposto, o racismo era muito mais presente do que
hoje, e mais forte, afinal o Brasil foi um país escravocrata. Negro, Ortunho
era ídolo do clube e tinha o amor e a paixão da torcida que o reverenciava.
Quem já viu uma foto deste tipo ainda mais numa década de 60. Um negro
carregado como herói sob os ombros de vários brancos. Quem viu e quem pode
mostrar algo parecido? Alguma comunidade
brasileira possui isto? Algum clube de futebol? Talvez. O Grêmio tem. Não há
talvez para isto no clube tricolor.
Uma mentira muitas vezes repetida vira verdade, era o lema da
propaganda nazista. Durante anos repetiram que o Grêmio era um clube racista e
teve muito ignorante – desconhecimento - que acreditou. Pior é saber que em
pleno 2016 ainda tem canalha que divulga isto e ignorantes para acreditar.
Durante anos omitiram que o primeiro negro no time foi Antunes lá em
1911. Com hino de um negro, com uma estrela no pavilhão maior em homenagem a um
negro, e com um negro levantado por brancos em homenagem gloriosa, o Grêmio
talvez seja o time mais negro do Brasil.
A cena da foto com Ortunho é a cara do Grêmio, O Dono do Brasil.
Nos respeitem.
Saudações Tricolores