segunda-feira, 18 de maio de 2015

E o Grêmio se repete


É evidente que eu acho o lateral direito Matias Rodriguez insuficiente para o Grêmio. Também me parece óbvio que o Grêmio errou em várias contratações, principalmente (este ano) o centroavante que iria "chegar e jogar". Mas quem quer progredir como o Grêmio pretende, precisa saber que terá que passar por algumas tempestades neste ano de readequação.

As fortes críticas que o clube tem recebido, algumas pertinentes, precisam ser contextualizadas. O Grêmio está sim mudando a sua rotina. Mudando a forma de trabalhar. Nos últimos anos, eu diria 15 anos, o Grêmio trabalhou para contratar e contratar. Fez contratações vultosas e montou times de seis em seis meses. Os seus dirigentes do futebol não resistiam mais do que esse período. Apenas dois duraram mais tempo. E esses dois dirigentes também trocaram de time de seis em seis meses. Assim foi o Grêmio nestes últimos 15 anos.

E hoje a crítica é exatamente essa. A crítica pedindo mudanças radicais é a mesma que diz que o Grêmio não ganha nada há 15 anos. As pessoas pedem para se fazer exatamente o que foi feito nestes últimos 15 anos. "Vamos mudar tudo, limpar a área".

Repetindo, com todo o respeito, eu acho que o Grêmio PRECISA se reforçar. Precisamos, no mínimo, de dois ou três nomes com certa urgência, mas, por favor, não vamos fazer terra arrasada mais uma vez. Trocar vários iguais por outros iguais, trocar treinador e dirigentes por treinador e dirigentes iguais. E isso apenas para aliviar o anseio de quem não vive o clube no dia a dia.

O mais triste disso tudo é que o Grêmio já piorou em relação ao Gauchão. A histeria já está transformando o ambiente, castigando as pessoas, exatamente como aconteceu nos últimos 15 anos. Hoje o Grêmio deve fazer o mesmo que fez nos últimos anos. Mudar. Criar os tais fatos novos. E como uma droga, irá anestesiar os críticos, aliviar os ansiosos, alimentar os que querem sangue.

O Grêmio tem um número grande de bons dirigentes, mas hoje tem muitos que são incendiários, que gostam de confusão, que instigam nas redes sociais, que são covardes e que adoram ver o circo pegando fogo.

Torço para que os fatos novos sejam apenas para aliviar o ambiente e que o Grêmio recupere a calma. Ficaria muito desapontado, no entanto, se largássemos o projeto de austeridade e o caminho para um clube que utiliza as categorias de base como conceito de equipe. Torço para que o Grêmio não faça terra arrasada. Temos boas novidades, bons jogadores. Não falta muito para termos um time que irá gerar bons frutos em um futuro não tão distante.
 


César Cidade Dias
Ex-Conselheiro e ex-Diretor de Futebol do
Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
Share |

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Continuidade sim, inércia nunca!


O Grêmio fez um primeiro tempo muito ruim contra o Inter e foi derrotado no GreNal deste domingo no Beira Rio, deixando escapar um título que o clube e, principalmente, a torcida precisavam muito. Dois ou três erros técnicos e foi-se a estratégia programada para o jogo. Futebol é assim.

Gostei muito de alguns jogadores e acho que precisamos continuar insistindo na política propagada pelo presidente Romildo Bolzan. Um clube mais responsável nas suas finanças e com um planejamento que mantenha a continuidade no futebol me parece o caminho mais acertado.

No nosso pior momento do Campeonato Gaúcho, quando fomos derrotados, em sequencia, dentro de casa, para clubes do interior, me manifestei publicamente em defesa do que estava sendo feito pelos dirigentes tricolores. Entendia que o clube estava trabalhando sério e merecia o nosso apoio.

Ontem, no entanto, não gostei nada do tom de conformidade com que foi tratada a derrota no Beira Rio. Espero, sinceramente, que tenha sido apenas um discurso e não o verdadeiro entendimento.

Vamos aos fatos.

Alguns jogadores, em especial o lateral direito e o centroavante, estão muito abaixo do tamanho mínimo exigido pelo Grêmio. Não se pode querer ganhar com eles. Os erros de avaliação nestes dois casos nos custaram caro. Política de austeridade não quer dizer mediocridade. Se quer gastar pouco, que se gaste com atletas identificados e feitos em casa. Tínhamos três centroavantes no grupo e não precisávamos contratar um "barato" e insuficiente, vindo de fora. Erro constrangedor. Quanto ao lateral direito, imagino que o tivemos um pouco de azar porque estava evidente que Felipão usaria o Ramiro ali, de tão ineficientes que se mostraram o Matias e o Galhardo. O que deixa claro outro erro grosseiro de avaliação (no caso, avaliações).

Outro fator que me chateou foi o Grêmio não ter falado da arbitragem trágica do Sr. Leandro Vuaden. Conhecido por deixar o jogo andar, Vuaden passou todo o segundo tempo picotando o jogo, que deve ter tido 25% do tempo de bola rolando. Além disso, não expulsou o Valdívia em falta pior do que a cometida pelo Rodolfo no final do jogo, que culminou com a sua expulsão. Muito ruim. O Grêmio não pode silenciar quanto a isso.

As derrotas importantes e a dificuldade que o clube enfrenta para ganhar títulos estão anestesiando todos os gremistas, que claramente querem acreditar em algo. Os gremistas, de um modo geral, parecem ver em Romildo uma luz no fim do túnel, principalmente pela sua maneira transparente de tratar as coisas no Grêmio. Eu acredito muito nas suas ideias, mas acho que é preciso tocar em algumas feridas urgentemente, sob pena de ficarmos sempre esperando pelo inacreditável.

O Grêmio não pode confundir continuidade com inércia!
 

César Cidade Dias
Ex-Conselheiro e ex-Diretor de Futebol do
Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
Share |