quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O QUE HÁ ENTRE O HINO DE LUPI E A ESTRELA DE EVERALDO? ORTUNHO E A MENTIRA NAZISTA

Coluna do Carlos Josias: Diretor Jurídico do Grêmio 93/98, Conselheiro 94/2010 e Vice-Presidente 2005/07









 
Entre o Hino de Lupi e a Estrela de Everaldo, no pavilhão maior do clube, há Ortunho – apelido que cunhou por aparência física com jogador Uruguaio Campeão do Mundo em 1950, de mesmo nome – lateral esquerdo vigoroso e vitorioso.
O Negro Ortunho. Para Negro não servia, era Negrão. A figura dele exigia o aumentativo. Forte e imponente, chegava a assustar pela imposição física e no campo era uma fera a proteger a bola.
Fora do campo, uma moça, como se dizia de quem era doce e humanitário no procedimento.
Ortunho começou no Nacional de Porto Alegre e logo a seguir foi para o Força e Luz, de longa história no futebol da cidade. Dali para o Vasco venceu dois títulos estaduais e voltou para se consagrar no tricolor, ganhar o coração da torcida e deixar sua marca na Calçada da Fama.
Campeão Gaúcho de 1959, 1960, 1962, 1963, 1964, 1965, depois de ser bi Estadual no Rio, também faturou o citadino – importante na ocasião – em 1959 e 1960, ainda sobrou para vencer um Pan-Americano em 1956. Vestiu a camiseta amarela da Seleção Canarinho – 1956 e 1960.
Ortunho faleceu em 22 de novembro de 2004 e deixou saudades, reverência e admiração eternamente para o torcedor gremista e muitas histórias, entre elas heroico Grenal em que se feriu na cabeça, e, sangrando abundantemente retornou ao gramado com uma faixa branca na cabeça – vide foto.
Agora prestem a atenção na foto. Ortunho com a faixa na cabeça. Um negro carregado nos ombros, levantado à glória, por um monte de brancos, e isto na década de 60, onde, por suposto, o racismo era muito mais presente do que hoje, e mais forte, afinal o Brasil foi um país escravocrata. Negro, Ortunho era ídolo do clube e tinha o amor e a paixão da torcida que o reverenciava.
Quem já viu uma foto deste tipo ainda mais numa década de 60. Um negro carregado como herói sob os ombros de vários brancos. Quem viu e quem pode mostrar algo parecido?  Alguma comunidade brasileira possui isto? Algum clube de futebol? Talvez. O Grêmio tem. Não há talvez para isto no clube tricolor.
Uma mentira muitas vezes repetida vira verdade, era o lema da propaganda nazista. Durante anos repetiram que o Grêmio era um clube racista e teve muito ignorante – desconhecimento - que acreditou. Pior é saber que em pleno 2016 ainda tem canalha que divulga isto e ignorantes para acreditar.
Durante anos omitiram que o primeiro negro no time foi Antunes lá em 1911. Com hino de um negro, com uma estrela no pavilhão maior em homenagem a um negro, e com um negro levantado por brancos em homenagem gloriosa, o Grêmio talvez seja o time mais negro do Brasil.
A cena da foto com Ortunho é a cara do Grêmio, O Dono do Brasil.
Nos respeitem.
Saudações Tricolores
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