Oitavas de final da
Taça São Paulo. O Grêmio havia garantido classificação e estávamos todos
eufóricos. Os jogadores, já concentrados há mais de 20 dias, me pediram, então,
uma pequena folga até o final do dia.
Por volta das 17h de
um domingo (havíamos vencido às 11h) liberei os atletas com a condição de que
chegariam ao hotel, todos, até a meia noite. Fiquei no hotel e como todo
dirigente aprendiz, já comecei a imaginar eu tendo que buscar a gurizada na
noite em plena Ribeirão Preto. Sou ansioso, confesso.
A noite chegou e nada
de nenhum jogador. Por volta das 22h, aos poucos, os atletas foram chegando. A
meia noite em ponto, eu, pessoalmente, fechei a porta do hotel. Esperei alguns
minutos, e, da recepção, comecei a ligar para os quartos. Os jogadores estavam
em quartos triplos, todos no mesmo andar. Fui falando com os atletas até que,
em um dos quartos, não atenderam. Esperei um pouco, liguei novamente e nada de
atenderem. Fui conferir no andar dos atletas e nada dos três.
Fiquei ali, tentando
dormir por cerca de uma hora. Lembro sempre que, naquela época, dirigentes
faziam múltiplas funções. De segurança a "psicólogo", passando por
logística, os dirigentes se viravam. Voltando ao assunto. Por volta da 1h da
manhã, escuto um bando rindo sem parar de dentro do hall do hotel, olhando para
a cena patética de um dirigente e o seu sofá grudado na porta. Logo vi que eles
haviam me pregado uma pegadinha. Assumi o mico, olhei brabo (chorando de rir
por dentro) para todos e fui para o meu quarto.
No café todos estavam
lá e seguiam brincando com a minha cara. O principal protagonista sentou comigo
e me contou. Quando comecei as ligações estavam praticamente todos em um
quarto, conversando, e resolveram me "sacanear" deixando um quarto "sem
ninguém". Não imaginaram, no entanto, que a minha atitude seria de dormir
no hall do hotel, em um sofá grudado na porta.
Demos risada e,
principalmente, ganhamos o jogo na quarta-feira.
Fiz grandes amigos
nesta época.