Está no nome, Grêmio
Foot-Ball Porto Alegrense. Somos um clube de Futebol, não de regatas, ou seja,
lá que outra modalidade esportiva, o futebol não só está gravado na denominação
como é o objetivo e única motivação da existência do clube.
Em qualquer clube do mundo
a escolha dos homens que formarão o Departamento de Futebol é polêmica - no
Brasil mais do que no resto do planeta e no RS ainda mais. Nunca haverá um nome
que agrade a todos, conselheiros, dirigentes e ex, torcida, imprensa. Imaginem
três nomes. Some-se a isto um clube que vem de longo jejum no regional, 6 anos,
e competições nacionais, 15, sem contar América e a Copa maior. Bem, aí temos
todos os ingredientes para uma impossibilidade total de convergência. Não
encontro um nome sequer que pudesse satisfazer este conjunto de interessados:
conselheiros, dirigentes e ex, torcida e imprensa. E com três a possibilidade
de discordância multiplica-se pelo mesmo algarismo. Inescondível o dilema de
quem tem que escolher. E a tarefa cumpre mais ao Presidente do que ao próprio
CA, mas também é encargo dele. Agora imaginem 7 tendo que escolher e aprovar 3,
maior a dificuldade e espinhosa.
Neste quadro surgem Alberto
Guerra, Rolim e Dutra para um sofrido vestiário com a tarefa que muitos tentaram
e não conseguiram - inclusive o próprio Guerra - qual seja, a de enfiar o
Grêmio de novo no trilho das conquistas e enfrentar, nesta escalada, uma
torcida exigente - pelas glórias do passado - impaciente - pelos fracassos do
presente - um conselho inquieto pela divisão de grupos, uma oposição reclamante
- às vezes com, noutras sem razão, o que é normal e cumpre sua tarefa - e uma
direção que cada vez vê mais curta sua munição para convencer logo ali, daqui a
alguns meses, o eleitorado que pode eleger os atuais governantes, ou não.
Que situação.
Isto, contudo, não me
retira o direito, e o de nenhum Gremista, de opinar e avaliar tais escolhas.
Vejamos.
1. Qual o critério adotado
para a escolha de Guerra ?
1.1. Só RB deve saber.
Político não foi. Ele não é da gestão, não pertence a nenhum grupo - o último
que esteve hoje é oposição. Técnico também não, ele já passou pelo cargo e foi
apenas razoável, não foi espetacular. Como todos antes e depois dele, nada
ganhou, ainda que tenha tido relativo sucesso mais pelo carisma de Renato
Portaluppi junto ao torcedor do que por condução própria.
2. Rolim ? Excelente
gestor, homem de administração genial, pouco entende de futebol e o próprio
Guerra referiu-se a ele como homem de confiança e para trabalhos burocráticos.
Não me surpreenderia que pelo talento que possui em organizar metas, acabasse
no cargo executivo deixado por RC, não agora, exatamente, mas mais adiante. Não
é de se esquecer de que Guerra levou RC.
3. Dutra ? Bem, situação
curiosa. AVM saiu da VP para o Futebol, deu errado e voltou num ambiente de
constrangimento a exercer a VP - dificilmente isto aconteceria hoje, RB está a
léguas dos desentendimentos, como era do perfil de Odone. Mas é perigoso. No
caso de Dutra ainda mais, porque como VP do CA ele é Patrão do VP do Futebol, e
entra ali subordinado. Complicado. Em 2005 eu estava na VP do CA. Renato
Moreira e Francisco Rocha Santos me procuraram para assumir o futebol. Fui
categórico: faço o elo entre os homens do futebol e a Presidência, acompanho no
vestiário, mas o cara do vestiário tem que ser outro. E devolvi a bola para
Renato. Ele foi para o futebol e eu fiquei dando respaldo político. Funcionou.
Fiquei ali 2005 e segui com Pelaipe até o final de 2007 - Renato saiu em 2006,
ano terrível, eles tinham ganhado a LA e o Mundo - quando fomos à final da LA.
Funcionou. Além de dois Gauchões - ultimo bi - saímos da 2ª - Batalha dos
Aflitos - e voltamos a figurar entre os grandes na LA.
Dutra fazia um trabalho
excelente no CA. O risco de destapar dois santos é grande, mas ele topou.
Em favor de todos, o
Gremismo, que é obrigatório. A integridade e a honestidade, que hoje em dia é
raridade. A coragem de recepcionar o Grêmio nestas condições ali no olho do
furacão - não é para qualquer um, basta ver que Pacheco só entrou porque outro
não foi encontrado.
No que me diz respeito,
sobretudo à inesgotável esperança que todos Gremistas estão sempre possuídos e à
mística da recordação: a primeira passagem de Felipão como nosso treinador foi
medíocre, bem menos eficiente que a de Guerra no futebol. Na segunda, sabemos
todos.
Amém. Que assim seja. Sorte
aos homens do futebol. Numa coisa há convergência, tenho quase certeza: a
torcida de todos.
Saudações tricolores