Demorou, mas a torcida finalmente reviveu na ARENA os seus
grandes momentos no Olímpico. O torcedor até ontem ainda não estava se sentido
em casa. A ´nhaca/negócio/contrato` ARENA lhe fazia mal, havia um certo ´estou
deslocado` para o torcedor que não reconhecia nas cadeiras e demais instalações
algo familiar. Incontáveis problemas do entorno até o interior não lhe faziam
´in`. Era a camisa que não podia tirar, o lanche que tinha que comer às pressas
para sentar porque não podia ficar de pé, a frase de que a casa não era nossa
... o espaço interditado .... e até o rosto de seguranças e serviçais que não
batiam com os costumes e hábitos de mais de cinquenta anos do velho casarão. No
começo, nos primeiros passos, a torcida perdia mais tempo em clicar fotos do que
ver o jogo. Assisti isto, natural. Depois havia um tempo imenso de reclamações,
enquanto a bola corria. Até que veio o ´ontem`. Acho que a cada jogo o torcedor
se ´acha` mais e se ´encontra` mais. Já sabe onde pode deixar o carro - mesmo
que o trânsito ainda não seja o que se espera será - e se não for de carro já
sabe onde descer, Já sabe onde encontrar o boteco para uma cevinha antes de
subir a rampa ou o elevador que já está funcionando, já encontra fácil a sua
entrada e por fim já chega e senta na sua cadeira sem precisar conferir dez
vezes antes se aquele é mesmo o seu setor e se aquela é mesmo ela e é o seu
número. Sentado e olha para o campo e reconhece o time.
E ontem foi o dia/noite que tudo isto correu bem melhor do que
nos outros. E ai veio o reencontro. O penalti infantil, a pixotada de um
zagueiro que não disse ao que veio e beira à idiotice, o gol surpreendente e o
alerta: epa, agora é cum nóis .... E o é CUM NÓIS foi. A torcida
largou o bafo, grudou no campo e empurrou o pé do Fernando para a bola que
mergulhou na rede com a soberania de um autêntico gol do Despertar do
Gigante.
A ARENA FERVEU.
Finalmente.
Foto: Ducker.com.br