O calendário dos grandes clubes brasileiros era, há
três anos, dividido da seguinte maneira: no primeiro semestre, os clubes
disputavam a Libertadores ou a Copa do Brasil e mais o Campeonato Regional. Ou
seja, todos os clubes tinham partidas decisivas e lutavam, pelo menos, por duas
taças. No segundo semestre, os clubes disputavam o Brasileirão (início em maio)
e a Copa Sul Americana.
Nos últimos anos, no entanto, a rede de TV que detêm o
controle do futebol brasileiro acabou perdendo os direitos da Copa Sul
Americana para a Fox Sports e "se obrigou" a mudar de maneira
drástica o nosso calendário. Com a mudança, claramente para diminuir a Sul
Americana, o primeiro semestre "perdeu" a parte quente da Copa do
Brasil e ficou sem jogos decisivos e com expressão na primeira parte do ano.
Resumindo, o primeiro semestre virou um problema para
os clubes grandes que não disputam a Copa Libertadores. Foi assim com o Grêmio
em 2015 e foi assim com o Inter em 2014. O Grêmio, no ano passado, enfrentou
somente um clube grande (o Inter) até o início do Campeonato Brasileiro. O
Inter, neste ano, tirando as partidas da Copa Flórida durante a pré-temporada,
não precisará enfrentar apenas o Grêmio de equipes da sua grandeza no primeiro
semestre. Isso, claro, graças à organização dos clubes, que está tentando
salvar o absurdo que transformaram o primeiro semestre do calendário do futebol
nacional. A Copa Sul Minas irá salvar o Inter e outros grandes já em 2016.
Não se pode diminuir essa iniciativa. Não se pode
virar as costas para os motivos que levaram os clubes a faturar tanto dinheiro
com sócios nos últimos anos.
É simples. Imaginem o seguinte: Grêmio ou Inter (ou
ambos) fora da Libertadores e jogando apenas o Campeonato Gaúcho e suas 19
datas. Dessas datas, considera-se a metade dos jogos dentro de casa. Ou seja,
nove ou dez. Os milhares e milhares de sócios da dupla Gre-Nal teriam de
janeiro a maio somente esses jogos para assistir. O Gauchão é fundamental para
os nossos clubes. Mas não pode ficar "sozinho" neste primeiro
semestre. Você acha que eles seguiriam pagando? Vocês acham que o produto
Gre-Nal seria o mesmo?
No futebol, antes de tudo, é preciso saber por que se
ganha e por que se perde, dentro ou fora do campo. Os clubes, neste momento,
estão fazendo valer este ditado.