quarta-feira, 20 de abril de 2016

OPINIÃO: GRÊMIO VENCE MESMO ACOMODADO



Grêmio precisou de 15 minutos para cumprir tabela, fazer a obrigação e vencer o Toluca por 1 a 0 na Arena. O estado letárgico que a equipe entrou no segundo tempo foi compreensível.
É inerente ao ser humano agir conforme o ambiente em que ele se encontra. Se ele é desfavorável, vai-se a luta por melhoras; mas se ele é “favorável”, acomoda-se. No futebol, não seria diferente. Assim, jogadores conscientes das suas responsabilidades como profissionais e representantes de um coletivo, muitas vezes se acomodam.
Pois este foi o Grêmio que venceu o Toluca do México por 1 a 0 ontem à noite na Arena.

Não pense que estou julgando os jogadores gremistas. Muito pelo contrário, entendo eles; e tenho a convicção de que a comissão técnica e a direção estão deixando a “corda esticada” no vestiário. Porém o estado letárgico que o time entrou depois que Luan fez uma bela assistência para Ramiro marcar de cabeça 1 a 0 para Grêmio, foi entediante.
Convenhamos: um time classificado, jogando em casa, contra um oponente desmobilizado, vislumbrando dois jogos decisivos pelo Gauchão; vai lá e aos 15 minutos marca o seu gol, controla o adversário e para o segundo tempo, vê o seu capitão não voltar por preservação: bingo! Lá se vai a concentração e a acomodação toma conta de todos.

Então pouco pode-se extrair da partida de ontem. Porém alguns fatos pontuais chamaram a atenção.
Primeiro, a volta de Marcelo Oliveira à titularidade mostrou mais uma vez que o jogador vive uma crise técnica e passa pela sua pior fase no Grêmio. Tem a confiança de Roger, mas o seu xará Hermes (que não é um craque), vive uma fase melhor e está merecendo um lugar entre os onze.

Depois, outro ponto tático que chamou a atenção foi a movimentação de Bobô. Não ouvi Roger explicando se foi orientação dele, mas Bobô caiu muito para os lados para fazer a jogada de preparação para outros jogadores finalizarem dentro da área. Não deu muito certo, tanto é que acabou substituído.
Mas enfim, não há o que reclamar. Depois de extirpar do currículo o medo da altitude e manter o padrão Roger Machado de jogar, o Grêmio (mesmo acomodado) venceu e aumentou a série invicta para 13 jogos. Chega em grande momento para encarar o Juventude pelas semifinais do Campeonato Gaúcho.

Na Serra Gaúcha, valendo uma vaga para a final, contra um adversário extremamente motivado; tenho certeza que o ambiente será outro, e a atitude dos jogadores também.

FOTO: Lucas Uebel/Grêmio/Divulgação
Originalmente publicado no blog do autor no Torcedores.com
 
Luis Henrique Rolim
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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Opinião: Grêmio supera medo e avança na Libertadores


 
Em noite de muita disciplina tática e eficiência técnica, Grêmio supera o medo da altitude de Quito e avança para o mata-mata da Libertadores da América. A vitória de 3 a 2 contra a LDU mostrou o amadurecimento da equipe tricolor.
Todos nós temos medos. À medida que amadurecemos, os medos mais ingênuos desaparecem e outros mais complexos invadem o nosso psicológico; superar esses medos para que eles não virem traumas é um desafio diário. Ontem à noite, en La Casa Blanca, o Grêmio superou um medo que estava pronto para virar um trauma:

Vencer no Equador contra a Liga Deportiva Universitaria na temida altitude de quase 2800 metros acima do mar.
Claro que nenhum gremista temia a equipe da LDU, goleada impiedosamente em Porto Alegre e aos pedaços com um treinador novo – o temor estava em manter no ar rarefeito o padrão “Roger Machado” dos últimos jogos e sair de Quito com a vitória.

Defendendo com duas linhas de quatro (Luan e Giuliano fechavam os corredores laterais na linha do meio), o Grêmio suportou a pressão inicial dos equatorianos. Já não bastasse a altitude, o campo estava pesado, empoçado e nitidamente prejudicando a troca de passes das equipes.
Com a linha de defesa baixa (dentro da grande área) os cruzamentos da LDU geravam calafrios na torcida gremista. Já haviam passados 10 minutos do primeiro tempo e a LDU já tinha um gol anulado por impedimento e uma trombada de Brahian Alemán em Marcelo Grohe; mostrando o estilo equatoriano de se impor na partida.

Porém o Grêmio manteve fielmente o padrão tático proposto por Roger Machado e os jogadores mostraram-se tecnicamente perfeitos no primeiro tempo. Em duas finalizações, o tricolor marcou os seus gols com Douglas aos 12 minutos (passe de Luan) e com Bobô aos 25 minutos (passe de Giuliano).
Ao final da primeira etapa, o medo da altitude estava controlado. Mas ainda havia os 45 minutos finais onde a falta de ar e o cansaço fazem dos adversários da LDU presas fáceis. E logo no início, antes do primeiro minuto, o temor gremista logo voltou quando a LDU fez o seu gol com Quintero.

Se tática e tecnicamente o Grêmio estava impecável, depois do gol equatoriano o tricolor mostrou que também estava preparado psicologicamente. Consciente da sua melhor condição técnica e encarando a altitude com sobriedade, o tricolor foi ao ataque.
Assim, aos seis minutos, depois do rebote dado pelo goleiro Alexander Domínguez, Wallace chutou forte para fazer 3 a 1. O golaço que coroava a grande atuação do volante e a eficiência do ataque gremista – com qualidade para trocar passes no ataque do lado direito e virar a bola para Marcelo Hermes cruzar.

Na metade do segundo tempo o cansaço era evidente em alguns jogadores do Grêmio. A equipe se livrava da bola e perdia a capacidade de mantê-la para respirar na altitude. Roger demorou a mudar e a desacreditada LDU, de tanto insistir (eram 13 escanteios a favor dos equatorianos), descontou em um chute despretensioso de José Cevallos.
O medo de sucumbir na altitude voltava. A entrada de Bressan foi o sinal de que o sofrimento gremista iria até o apito final. Mas Roger fez bem em colocar o zagueiro e povoar a grande área; equilibrando em número a defesa gremista contra os vários atacantes promovidos pelo estreante Álvaro Gutiérrez.

Ao final do jogo, extenuados, os jogadores gremistas comemoraram a vitória e classificação as oitavas de final da Libertadores. Era a catarse de quem superava um medo e evitava que ele se transformasse em trauma – um fator psicológico que futuramente poderia alijar a equipe de melhores resultados na competição.
É bem verdade que os 3 a 2 foi construído antes da bola rolar. A equipe médica e logística do Grêmio merece aplausos. Médicos e fisioterapeutas recuperaram Wallace (o melhor em campo), Bobô e por último Fred. E os sete dias de aclimatação da equipe em Quito foram fundamentais para “ancorar” positivamente a possibilidade de vitória na mente dos jogadores.

A fase de grupos ainda reserva um jogo para o tricolor melhorar sua classificação geral para as oitavas de final da Libertadores. Entretanto, o mais importante é que o Grêmio superou o medo da altitude e está pronto para o mata-mata da competição.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA/Divulgação
Originalmente publicado no blog do autor no Torcedores.com


Luis Henrique Rolim
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sexta-feira, 8 de abril de 2016

Grêmio classificado e lesionado




 

A classificação com vitória de goleada diante do Brasil-Pel era esperada, porém a "inhaca" que paira sobre os jogadores do Grêmio é preocupante. Ontem foram quatro gols e também mais quatro atletas para o departamento médico do tricolor.
Não existe esquema tático que resista a um gol sofrido no início de uma partida; ainda mais se a estratégia era de jogar fechado e explorar oportunidades de contra-ataque. Essa era a proposta do técnico Rogério Zimmermann para o Brasil-Pel, que findou-se com o gol de Pedro Geromel, logo aos 2 minutos de partida para o tricolor.

Foi um banho de água-fria nas pretensões do xavante e um alívio para o Grêmio de Roger Machado. O treinador gremista com certeza havia pensado na estratégia inversa, ou seja, marcar um gol cedo para tranquilizar a equipe e amenizar o desgaste dos jogadores.

Se eu acabasse esse post aqui, narrando o segundo gol marcado por Bobô depois de bela jogada (de um renovado) Giuliano; para logo em seguida falar da bobeira inicial no segundo tempo, com o gol de desconto do Brasil-Pel; e finalizar explicando como (novamente) a equipe melhorou com a entrada de Lincoln, resultando os outros dois gols (Giuliano e Pedro Rocha) para o tricolor; a noite de ontem poderia ser considerada muito boa.

Entretanto, os quatro gols vieram seguidos de mais quatro lesões no elenco tricolor.

Sei lá, às vezes é melhor recorrer ao mundo oculto ou religioso para tentar explicar a "inhaca" que paira no grupo gremista, porque não são só lesões de jogo que andam ocorrendo: é um misto de caxumba com azar, somado a pancadas e músculos cansados.

Ontem ao final do primeiro tempo, o Grêmio tinha Luan sentindo dores por uma pancada na canela e Wallace com uma torção no joelho por pisar na bola. Para a segunda etapa, Bobô nem voltou alegando "perna cansada" e Wallace (que havia voltado) sequer fechou um minuto de jogo. Depois, para completar a "goleada de lesões", foi a vez de Marcelo Grohe sentir o pé após uma saída do gol.

É bem verdade que o planejamento tricolor é esse mesmo, de disputar "às ganhas" todas as competições do ano. Porém essas lesões de jogo (somadas às inesperadas ausências) são preocupantes, principalmente tendo em vista que em uma semana o tricolor decide sua vida na Libertadores da América contra a LDU na altitude de Quito.

Sim, parece que a situação mais preocupante é de Wallace, justamente o jogador que "acertou" o meio-campo gremista e fez o "Grêmio de Roger" voltar – superando ontem a sua série invicta do ano passado, agora com onze jogos de invencibilidade.

Mas vamos lembrar que o tricolor está sofrendo com um surto de caxumba, que tirou de combate Henrique Almeida e Ramiro; por desgaste, Marcelo Oliveira ficou de fora, mas o xará Hermes está dando conta do recado; Éverton está em final de recuperação; e Bolaños só volta em maio.

Se o departamento médico tricolor está em constante trabalho desde o inicio da temporada, Roger merece uma "estrelinha" por estar administrando bem o grupo de jogadores – sendo que até agora foram somente eliminados da competição menos relevante do ano, a Primeira Liga.

Contudo, o calendário continua apertado e a viagem para Quito é longa e desgastante. A vitória de ontem era esperada, mas as lesões não. O Grêmio que tome um banho de sal, acenda umas velas e ore para os deuses do futebol afastar esse mau olhado; pois contra a LDU nada pode dar errado.


Originalmente publicado no blog do autor no Torcedores.com
 
Foto: Ducker/Framephoto/Divulgação


 
 Luis Henrique Rolim
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sábado, 2 de abril de 2016

Opinião: O melhor Grêmio de Roger voltou?


A goleada contra o Passo Fundo reascendeu a chama do torcedor gremista que está se questionando: o melhor Grêmio de Roger, de marcação alta e pressão na saída de bola finalmente voltou?
Quando uma goleada acontece é difícil questionar a atuação de uma equipe. Goleada é sinônimo de superioridade técnica e tática. E foi realmente o que aconteceu ontem à noite no Estádio Vermelhão da Serra.

Eu sei, foi um jogo de Campeonato Gaúcho contra o Passo Fundo. Mas o Grêmio foi avassalador nos primeiros vinte-trinta minutos, pressionando a saída de bola, com muita movimentação no ataque e com quase 100% de aproveitamento nas finalizações. O time de Roger fez o que deveria ter feito: nocauteou o Passo Fundo sem piedade.
Mas por onde começou a superioridade tricolor?

Engana-se quem pensa que a vitória passou pela eficiência do ataque. Tudo iniciou com a definição da defesa titular da equipe. Isso mesmo, pelo momento técnico: Ramiro, GEROMEL, Fred e Marcelo Hermes são os titular da zaga tricolor.
Somou-se a eles a dupla de “volantes” titular: Maicon e WALLACE. Esse último, sem sombra de dúvida é o peso que faz a balança de Roger ficar positiva. Wallace marcou os seus primeiros dois gols no Grêmio e se consolida cada vez mais como o jogador-chave do esquema proposto por Roger. Com ele, Maicon corre menos e o tricolor ganha em imposição física defensivamente e qualidade técnica na transição do meio para o ataque.

Com esses titulares, iniciou-se a goleada de 5×1 ontem. A parte final foi a intensa movimentação e eficiência do ataque.
Fernandinho! Onde você estava todo esse tempo? Eu não lembro de um jogo que ele saiu como titular e foi destaque. As más línguas dizem que foi a sua melhor e última atuação na equipe tricolor; uma espécie de despedida de luxo, pois sabemos que está negociando sua saída do Grêmio.

Bobô está sendo eficiente e adaptou-se como falso nove; tornou-se homem de confiança de Roger e Luan ganha uma sombra importante para ficar “ligado” nos próximos jogos. Pedro Rocha não ficou para trás e aproveitou o espaço deixado por Éverton; os dois se equivalem e são dois coringas que Roger deve colocar para jogar quem estiver melhor no dia.
Agora vamos dedicar um parágrafo para LINCOLN. Ok, ele não esteve nos seus melhores dias, mas o guri é o novo titular da equipe. Brincando (mas dizendo a verdade), Douglas postou em seu Twitter que talvez tenha perdido lugar no time. Lincoln que ainda não tem Certificado de Reservista, tem a mobilidade e o ritmo necessário para o esquema de Roger funcionar.

Falando em esquema funcionar, ficou evidente que os “cascudos” do ano passado estavam atrasando a evolução do tricolor na temporada. A compactação do time, a pressão na saída de bola e a rápida transição entre os setores apareceram novamente; tudo isso sem Marcelo Oliveira, Giuliano e Douglas.
Roger é tão bom treinador que consegue criar “problemas” para ele mesmo. Ao identificar os defeitos da equipe, criou opções sem mudar suas convicções. Resta ao treinador gremista gerenciar as vaidades do grupo para termos um Grêmio mais encorpado e muito melhor do que ele mesmo produziu no seu auge no ano passado.

O melhor Grêmio de Roger voltou, agora é lapidar a versão 2016.

Texto publicado originalmente no blog do Torcedores.com 

Luis Henrique Rolim
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