terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O que eu vou fazer pra te esquece ? Nós não faremos uma mudança de casa comum. Somos uma nação e o amor é o meu país.



Foi uma noite difícil, ansiosa. Era a noite do ultimo dia. Durante os últimos instantes que me separavam do último dia confesso que tive muitas dúvidas se deveria ou não ir ao campo. Mas fui. Cumpri um ritual que religiosamente sempre cumpri. Parada na Metrópole do Seu Felipe, mesa com os amigos do peito, uma boa costela bem gorda, uma cerveja bem gelada, um esticar de pernas, e depois uma lenta caminhada para o pórtico. No caminho incontáveis abraços e cumprimentos entre um e outro grito de conhecidos, companheiros e grandes amigos. A passada pelo bar da eterna Beth, onde vi o hoje homem feito Tiaguinho crescer, o mascote da década de 90, novos encontros. A torcida do Grêmio se divide em tribos de lugares: Metrópole, Preliminar, Beth.... Mas todos se encontram e todos tem uma única paixão. Uma volta completa pelo pátio, uma última espiada no velho memorial. O jogo. O jogo, só eles não entenderam que era o que menos importava. Mas é compreensível, eles estão sem ´casa`, sem treinador, sem torcida ... sem time. Ontem o que menos importava ao torcedor do Grêmio - e disse isto muito antes aqui mesmo, em O GRENAL DA RINHA NUM DIA DE FÚRIA - DE TEMPOS EM TEMPOS - O CURIOSO CASO DO PITBULL:
http://gremio100mil.blogspot.com.br/2012/11/o-grenal-da-rainha-num-dia-de-furia-de.html#.ULcnHkV87DA.twitter
 
Ah, tinha a vaga direta, o segundo lugar ... mas nada era superior ao significado da despedida.
Cheguei cedo, 13 horas, fui para a mesma praça, no mesmo bar encontrar os velhos e queridos amigos, os mesmos .....e durante todo o período só o que se falava dizia com recordações e jornadas do Olímpico. Ninguém falava no co-irmão cujo retrovisor não lhe mostrava há muito.
Quando o dia começou a cair e se fez escuro a última olhada, a descida vagarosa, o choro contido, a dor no peito, óh pedaço arrancado de mim ! Tinha um show à noite para ir, do Nei Lisboa. Fomos, eu e a minha mulher, quase que em silêncio para o espetáculo. É bom, para relaxar.... Ninguém mais da terra que para entender uma dor da terra ( ainda que o Nei tenha aquele defeitinho ..... mas ele foi respeitoso, entendeu que o dia especial e nenhuma gracinha houve ). Quando eu estava tentando me livrar da saudade que o dia me impôs o cara me larga esta:
 
Prá te lembrar ....Que é que eu vou fazer prá te esquecer? ....Que é que eu vou fazer prá te deixar ?
Me desmanchei !
 
Antes do jogo o amigo @rcopetti me pede uma entrevista e me pergunta sobre a mudança. Jorrou de mim:
 
- Nós não estamos mudando de casa ou de apartamento. Nós estamos mudando de País. Somos uma Nação. Aqui não é ou era só a nossa casa, aqui era o nosso país. Imagina alguém chegando aqui no Brasil e dizendo que o continente vai afundar, temos que sair daqui, mas não tem motivo de preocupação porque vamos para uma Canaã moderna, onde se tem leite, mel, destilados em geral, muita ceva, e que viveremos num primeiro mundo luxuoso o que se diria ? Puxa vamos .... mas como deixar o nosso País ? Dói demais.
Sai do Estádio sem olhar para trás, com medo de virar estátua de sal.
 

O amor é o meu país !
 
A ARENA, pujante, ocupará, certamente, dia a dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano, década a década, o lugar dela no meu coração. Quem é da minha geração, entretanto, sempre terá o coração mais ocupado pelo Olímpico e no máximo com o tempo a ARENA alcançará tanto quanto. Com o tempo dividido e talvez, aos pedacinhos ela vá avançando .... acho que morro e a ARENA não vai ocupá-lo por inteiro. Quem sabe no fim da minha vida o coração já esteja dividido ao meio, metade para o Olímpico metade para a ARENA. Esta mocidade linda que invade o Estádio certamente logo estará com a ARENA inteira no peito. Talvez daqui há 70 anos passem pelo mesmo drama....sabe-se lá os destinos da vida.....ai irão entender o que sinto e tantos sentem hoje. Sempre fui a favor da ARENA incondicionalmente. Mas nunca me peçam para esquecer o Olímpico. Nele me criei e nele me tornei aguerrido e bravo. Jamais nos matarão.
 
Não tem o que fazer para esquecê-lo.
 
A pergunta do Nei na canção = não tem resposta, no que diz respeito a mim e ao meu país.

Obrigado a todos os Gremistas que ajudaram a construiro Olímpico. E OBRRRRRRRRRRRIGAAAAAAAAAADO HÉLIO DOURRRRRRRRRRRRRRAADOOOOOOOOOOOOO por sua persistência.

                               @cajosias face C JOSIAS MENNA OLIVEIRA

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