segunda-feira, 2 de setembro de 2013

À la anos 90


A semana que passou foi mais uma daquelas típicas de um agosto Rio-Grandense: friozão na rua, lenha no fogão, até a neve resolveu dar o ar da graça e tingir nosso solo gaúcho de branco em várias cidades. E nada mais característico do nosso Rio Grande (de mais da metade dele), do que assistir aos jogos do Imortal Tricolor. E sendo jogos decisivos, eliminatórios, valendo classificação, torneio mata-mata, Copa do Brasil.. todos esses elementos formam uma partida do Grêmio. Unindo-se a eles outras particularidades como emoção, sofrimento, garra, luta, bravura, torcida enlouquecidamente cantando seus cânticos de amor, enfim.. Tudo isso junto e misturado nos traz uma miscelânea de corações acelerados e fanatismo que nos constituem como bravos torcedores gremistas.

Mas enfim, o que se viu nesse jogaço de quarta-feira foi um Grêmio disposto a vender caro uma possível eliminação. Desde o início, ficou clara a estratégia de Renato: era marcar sob pressão no campo do adversário para que o gol saísse logo e a classificação fosse se tornando um sonho possível. O ímpeto do time foi esse, a torcida foi junto, parecia que a máquina iria engrenar.

Porém, o que se viu com o decorrer do jogo foi um Peixe tentando não ser frito (ou assado, ensopado, enfim, depende da preferência de cada um). O time foi se assanhando, chegando à área gremista e dando calafrios na espinha de todos nós. Aquele gol impedido foi apenas uma pincelada do que poderia ter sido um quadro de Da Vinci para a nossa desgraça. Sorte a nossa que Montillo resolveu a abandonar o barco contundido antes do estrago feito e o nosso bote não foi afundado por esse peixe rebelde.

Enfim, o segundo tempo, início digno de filme de terror do time (passes errados, balões, torturante) logo se transformou em uma jogada maravilhosa do nosso Pirata, num passe perfeito pro Souza abrir os trabalhos e fazer a festa. Foi aí que chegamos ao título dessa crônica: parece que do gol, emergiu aquele espírito de combatividade e garra que tanto caracterizou o Grêmio de Luiz Felipe, naqueles idolatráveis anos 90.

Com ele, veio à luta, a entrega, a disposição em tentar sempre até o final. O famoso Grêmio Copeiro, maravilhoso, que nos deixou saudosos com tantas eliminações frustrantes a que fomos submetidos. Mesmo o futebol jogado não sendo tão vistoso, mesmo ainda sofrendo sustos de um peixe relutante em ir pra panela, surgiu um lance mágico do Maxi, (que até aquele momento estava jogando muito mal) numa assistência a la Zé Roberto, que encontrou Werley livre pra marcar. E o zagueiro ainda zombou da nossa ansiedade, parando, pensando como iria chutar ao gol, sendo que os adversários estavam se aproximando.

Claro, ele sabia que tinha que ser assim. Werley fez isso consciente, por que se não fosse sofrido, dramático, que nos deixasse a ponto do enfarte, não seria classificação do Grêmio. Talvez se tivesse chutado decidido, confiante, a bola beijaria a trave e sairia pra linha de fundo e a gente iria se espremer em nervos nos pênaltis, aonde vai saber o que aconteceria. Felizes estamos que o zagueiro demorou segundos intermináveis pra decidir o óbvio, e o óbvio aconteceu. Tão anos 90, tão Grêmio Copeiro.

Bom, mas o fundamental foi à classificação dramática, mas eficiente. Time não jogou maravilhas, mas fez sua parte. Fizeram falta os gols perdidos em Santos, mas as poucas chances foram anotadas. Resta esperar que o Corinthinas jogue como foi contra o nobre time do Mato Grosso (sofrendo, gol de falha do goleiro) para que motivados possamos ser o esquadrão bravio que sua sangue e tem alma de guerreiro. Um time aguerrido, tão Grêmio Copeiro, tão anos 90.

Marcus Reis @popgremista


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