segunda-feira, 7 de julho de 2014

A bola não entra por acaso

O texto abaixo foi inspirado no livro (La pelota no entra por azar, 2009) de Ferran Soriano, ex dirigente do Barcelona FC entre 2003 e 2008, quando o BFC corria o risco de deixar de ser um dos maiores clubes europeus, e que veio a se tornar uma das maiores potências do futebol, e referência mundial em gestão de clube.

Essa Copa, tirando os aspectos políticos que ficaram colados neste evento, tem nos proporcionado reflexões sobre o mundo do futebol como um negócio globalizado.

A exemplo de como tem evoluído o futebol como um todo em nosso País, também vemos a redução das diferenças técnicas entre as equipes, na Copa do Mundo onde cada vez mais temos assistidos seleções de países sem tradição no futebol se aventurando na competição e surpreendendo o mundo esportivo.

Também temos observado isto aqui no charmoso Gauchão, que até um tempo atrás era disputado com duas certezas : 1) O GFPA ou o SCI seria o campeão; 2) Restaria saber somente quem seria o Campeão do interior. Mas agora existe uma nova realidade neste torneio, onde o campeão da competição pode ser qualquer equipe participante, sendo ela do interior ou da capital. O mesmo tem ocorrido no campeonato brasileiro, onde equipes menores tem conseguido ano a ano cada vez mais melhores desempenhos.

O futebol se tornou um negócio profissional de altíssimo rigor de excelência profissional, aliado a um mundo menor por conta da tecnologia de comunicação entre as pessoas. Sendo assim, não adianta mais acender uma vela para cada santo, muito menos se ajoelhar para o seu padroeiro do coração, o que adianta agora é ser competente na hora de escolher uma estratégia.

Aquela velha máxima latina, em especial brasileira, de torcer apenas por torcer pelo coitadismo, esta com os dias contados, agora vamos assistir os mais eficiente contra os mais preguiçosos, e vai vencer quem for mais determinado e obstinado pela vitória, e isso vale também pela escolha da estratégia que vamos adotar para enfrentarmos os mercados em que vamos competir. Aquele futebol paixão começar a dar lugar pelo futebol razão e emoção, onde os melhores vão trabalhar cada vez mais focado em resultados, abandonando os egos individuais, porque no fim o que vai valer é a busca de títulos, torcidas, e muita grana para manter-se no negócio futebol. Muitos poderão criticar que vamos perder aquela coisa com o romantismo do futebol arte, para dar lugar ao futebol negócio, até pode ser, mas uma coisa é certa, o futebol oferecerá uma estrutura mais bem organizada, e cada vez menos haverá irmãos amadores agenciando picaretagem.

Não estou aqui entrando no mérito se isso é bom ou ruim, seja para a torcida, seja para os clubes, ou mesmos para o futebol, mas o que chama atenção foi o que aconteceu no jogo da semi final entre a Holanda e a Costa Rica (ESTRATÉGIA previamente planejada - entrada de um goleiro somente para pegar os pênaltis) é o exemplo emblemático entre a emoção e a razão, e esta lição deve ficar em nossa memória, porque aquilo foi apenas o começo de uma nova forma de decidirmos no futebol, isto é, mais gestão, menos emoção.

Assim como uma empresa precisa ter regras e critérios de gestão, o futebol cada vez mais vai precisar pensar em investir em gestão de pessoas, uma vez que a principal vantagem competitiva de uma equipe são os atletas, sendo assim deve sair os aspectos individualistas, e começa a criar força o espírito de equipe, até mesmo porque futebol se joga com jogadores e uma torcida de apaixonados pela vitória e não pelo coitadismo.

FÁBIO IRIGOITE
ADMINISTRADOR

SÓCIO GREMISTAS DESDE 1993









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