Marcelo Grohe é anos-luz mais gremista e mais ídolo do que qualquer outro jogador do plantel.
O marketing tentou forçar a barra com Kléber "Gladiador", mas não houve a devida reciprocidade, salvo uma bem-sucedida venda inicial de camisetas com o seu nome e o número 30. Victor, grande sujeito e ótimo goleiro, nunca dizia "o Grêmio" mas, sim, "este clube".
Kleber está fazendo um enorme esforço (louvável, diria) para apagar a sua fama de indisciplinado. No entanto, não se muda um homem com base na necessidade de venda da sua imagem.
Grohe foi formado na base, está com 25 anos e situa-se em um agradável meio-termo entre seus dois antecessores no papel de ídolo: primeiro, porque ele não é tão tímido quanto o ex-ocupante da sua posição de guardião da nossa meta; segundo, porque é um rapaz bonito; e terceiro porque defende os interesses do clube com paixão, mas é mais equilibrado do que o nosso bom atacante de força.
Um patrimônio como este deve sempre ser valorizado. Passamos muito tempo sem darmos o devido respeito a um goleiro formado em nossas categorias de base. Já se vão quase oito anos sem Danrlei e, de lá para cá, nenhum arqueiro permaneceu titular por mais de quatro anos.
Goleiro é posição de confiança. É referência. E isso é como a reputação, que não se conquista do dia para a noite. Se houve ou não injustiça em relação ao não-aproveitamento anterior de Grohe, diria que não. Porém, ele já estava mais do que preparado para assumir tamanha responsabilidade.
A vez dele chegou na hora certa, no momento certo e acompanhado do preparador de goleiros mais adequado para o momento.
Marcelo é o último fruto acabado de uma escola tradicional e muito forte, que já revelou ao mundo Emerson, DANRLEI (ídolo e "múmia"), Fernando Prass (campeão da Copa do Brasil e vice brasileiro em 2011 pelo Vasco), Eduardo Martini (muito melhor em outros clubes e em idade madura) e Cássio (recentemente campeão da Libertadores 2012 pelo Corinthians).
Seus reservas Matheus e Busatto também são exceletes, bem como o fenomenal YURI, campeão da Copa BH de Futebol Júnior 2012. Temos uma escola de sucessos frequentes, que sobrevive às mudanças de técnico, às crises financeiras e a uma série de equívocos na formação de jogadores de linha e também de dispensas e contratações muitas vezes sem critério que perpassaram todas as gestões do clube após a saída de Danrlei.
Não por acaso, tornou-se mais habitual a nossa escola tricolor de goleiros nos brindar com ídolos que se consagram ao natural e não por uma mera imposição da Publicidade e do Marketing. Que essas disciplinas tão importantes para arrecadar fundos e gerar envolvimento do público gremista a partir da sua infinita paixão façam de MARCELO GROHE algo que ele é de fato e de direito, não apenas aquilo que ele deveria ser.
Hélio Sassen Paz @heliopaz