sábado, 2 de agosto de 2014

O velho renovado


Foi uma semana de muita alegria para a nossa torcida a chegada do LFScolari, não só por toda a sua trajetória no GFPA, mas também pela sua história no futebol mundial, incluindo o fracasso do personagem FELIPÃO na Copa da Ineficiência. Importante trazer a luz um outro aspecto importante na decisão da contratação de trazer o LFScolari. Que foi o viés mercadológico para o clube enquanto negócio para as receitas do GFPA, que de pronto já motivou o aumento em nosso quadro social. Mas tenho alguns receios, ainda que torça fervorosamente pelo sucesso do nosso técnico, e comento isso baseado no que vi nos gramados nesse torneio realizado em jun/jul passado no Brasil. Algumas cenas foram emblemáticas, como por exemplo, o choro coletivo desses meninos em campo, as dificuldades táticas enfrentadas nos primeiros jogos, a nítida falta de convicção na escalação do time, como por exemplo, a falta de consistência do nosso meio de campo, mas certamente a maior surpresa (negativa) foi ver o FELIPÃO tomar SETE gols e ficar impassível na beira do campo, e depois levar mais TRÊS e ainda deixar que o grupo começasse a orientar o time na beira do campo, e foi naquele momento que eu tive certeza que o personagem FELIPÃO tinha sido desconstruído como técnico, e talvez tenha ficado só a dignidade do cidadão LFScolari.

A recepção que demos ao LFScolari na ARENA foi emocionante, incluindo a presença do ex-Presidente Oly Érico da Costa Fachin, como bem lembrou o colunista Carlos Josias em uma de suas colunas, onde a torcida demonstrou toda a sua esperança para que se recrie aquele clima copeiro do time, onde ganhamos todas as principais competições, incluindo um Mundial, num tempo que a nossa paixão ainda não era contaminada pelas rusgas políticas dos grupos que comandam o clube, tempo em que íamos para o estádio para nos encher de alegria a cada vitória do nosso GFPA, e dificilmente saíamos frustrados do Olímpico, onde cada jogo era recheado de emoção e muita vibração. Naqueles tempos não existia tanto tecnologia, as táticas e treinos eram feito na raça e na experiência do comando do futebol, não existiam psicólogos para afagar os choros de bebês, muito menos essa moda ridícula de cabelinhos pintados como uma calopsita ou brinquinhos puxando as orelhas para baixo! Tempo onde a figura central do espetáculo era jogar futebol, e não ficar procurando toda hora com o telão para ver se o cabelinho continua engomadinho, ou então ficar tendo chiliques a cada falta marcada, enfim, tempo onde o futebol era jogado por profissionais da bola, e não da moda....

Mas os tempos mudam, e disso ninguém pode fugir, sob pena de ficarmos obsoletos e ultrapassados, isto é sem utilidade, e sem aprender o novo, e sendo assim algumas coisas são importantes nesse retorno de um velho, respeitado, e admirado amigo e torcedor, que como ninguém levou o GFPA a grandes e memoráveis conquistas, e certamente é essa fantasia que inunda o imaginário da torcida, e a razão é simples de entender, não temos mais condições de ficar sofrendo vendo o nosso time a cada ano que passa sem um rumo para lutar por um título, sem a esperança de que vamos pelo menos montar um time para competir em condições no mínimo iguais aos demais candidatos ao título, e dessa vez, com a chegada do LFScolari, é isso que me parece que a torcida espera, isto é, uma luz no horizonte para sonharmos com a volta das vitórias e conquistas, acabando de vez com esse acúmulo de derrotas ou falta de títulos, e se iniciando uma nova fase de alegrias para o clube e sua torcida. Imagino que a ARENA, a partir do primeiro jogo comandado pelo LFScolari, deve começar a receber um grande público, a par das enormes dificuldades de acessibilidade, o que evidencia ainda mais a importância da decisão da direção do GFPA de trazer o LFScolari, aliado ao momento do time que busca uma recuperação de posições no BR14, e vai enfrentar uma CB14 simultaneamente. Certamente emoções não irão faltar neste segundo semestre para nós, incluindo a nossa enorme expectativa com o desempenho do novo técnico.

E sobre essa expectativa, sobre o comportamento do LFScolari é que reside as minhas maiores preocupações, não que duvide de sua capacidade profissional, muito antes pelo contrário, ou então pelo seu ânimo depois desse fracasso mundial na seleção, ou até mesmo pelo seu temperamento, não, nada disso é motivo para ficar preocupado, o que me deixa inquieto é saber se o LFScolari está preparado para o novo, e se o GFPA esta preparado para lidar com o velho atualizado? Será que vamos ver um LFScolari dos velhos tempos onde ficava na beira do gramado dando "choque" no Dinho, Arce, Paulo Nunes, Jardel e companhia, ou será que vamos ver um LFScolari na beira do campo motivando o time com mais sabedoria, experiência, e principalmente renovado nos seus conceitos??? Será que nas coletivas, após uma eventual derrota, ele também vai destratar os jornalistas como fez na Copa, ou será que aprendeu que humildade é uma atitude que só lhe traz solidariedade e apoio fora do campo? Será que finalmente o LFScolari vai entender que vivemos num País com quase 200 milhões de técnicos, e temos que ter a paciência de escutar o contraditório, mesmo que este seja a maior estupidez do mundo, até mesmo porque ninguém é dono absoluto da verdade! Será que vamos ver o diretor de futebol do GFPA dividindo o enorme encargo do departamento junto com o técnico, ou será que vamos ter uma dinastia absolutista no vestiário, sem o compartilhamento e compromisso da direção do clube para atuar como protagonista, e não como coadjuvante no departamento de futebol. O futebol mudou, os estádios mudaram, as relações de consumo mudaram no futebol, porque então que o preparo da equipe também não pode se aprimorar, buscando ajuda na tecnologia, conhecimento, experiência, e novas visões sobre tática e gestão de atletas, incluindo aqui as questões do departamento médico do clube. Isso tudo passa, necessariamente, também pelo amadurecimento do técnico, que a partir de agora terá que conviver com novos modelos de gestão da equipe, e pelo clube que terá que ter personalidade de buscar o melhor para o time, independente do personalismo que até hoje reinou no vestiário do clube.

Bem, torço pelo LFScolari, torço ainda mais pelo nosso GFPA, e tenho a esperança que a evolução de conceitos e políticas no clube seja uma coisa que aconteça com o comprometimento da direção do clube, técnico, atletas, torcida, e principalmente pelos grupos que apoiam e querem o sucesso do GFPA.

FÁBIO IRIGOITE


ADMINISTRADOR
SÓCIO GREMISTAS DESDE 1993
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