sexta-feira, 17 de junho de 2011

NÓS E OS 100 MIL

AMIGOS GREMISTAS:

Fui solicitado a escrever algo sobre as dificuldades que o Grêmio encontra para chegar aos 100 mil sócios. Bem, evidenciado que não é a minha área, com o que não disponho de ferramentas próprias e estatísticas adequadas para um estudo científico, mas não menos verdade que depois de acompanhar durante tanto tempo e de tão de perto a administração do clube me disponho a pensar que seja possível discorrer um pouco sobre a matéria até porque de muitas coisas virei testemunha, e muitas das vezes um depoimento pode ser mais útil, ou tão útil, quanto uma tese: na pior das hipóteses, ajuda. É claro que esta indagação passa pela mira do adversário que chegou nesta marca, e há, claramente, identificadores das diferenças entre os rivais neste item, algumas que nos são favoráveis – no sentido de se dar um bom desconto, outras nem tanto: enfim, prós e contras tudo e todos. Vejamos:

1. Estive no clube num período que talvez tenha sido o mais fértil de sua história – em especial a contemporânea – no que respeita a títulos, de 1993 a 1998. Impressionante o que o Grêmio vendia de produtos. Uma loucura. Foi uma época de combate duro e exitoso à pirataria, diga-se de passagem, com um depto. Jurídico, neste item, comandado por alguns dos mais bem sucedidos profissionais do ramo, entre eles o Dr. Mário de Freitas Macedo. Vocês devem estar lembrados que o logotipo do clube estava inserido em tudo, desde bala de goma até cerveja, cuia pra chimarrão, chinelos, sabonetes, e uma séria infindável de produtos, e foi quando se estampou o grande big bang da comercialização de marcas de clubes de futebol pelo país. O mais incrível e que nos dá um orgulho imenso é que o rival corria atrás de uma maneira que passava a ficar sem graça a concorrência. Como tudo no RS, aonde se nasce ximango ou maragato, tricolor ou vermelho, as empresas que investiam não patrocinavam apenas um, por razões de estratégia mercadológica, tinha que ter no comércio a marca dos dois clubes no mesmo produto, sob pena de atrair a repulsa da outra torcida ( a Parmalat não teve por aqui, ai se veria, efetivamente, o que é rivalidade que no RS se mistura à aversão .... ). A comercialização da marca Grêmio, nas estatísticas das empresas, era de deixar o adversário realmente...rubro. Perdi a conta das vezes que os homens dos negócios diziam isto no clube e receavam o que ocorreu. Nos supermercados e lojas em geral as prateleiras dos utensílios e gêneros, dos mais diversos, com a logo do Grêmio sumiam...a deles entupia.... Esta é que é a grande verdade extraída daquela época e que é sonegada da opinião pública, quer pelo empresariado quer pela mídia que, cautelosa, prefere não tocar neste delicado assunto e acirrar ânimos. Desmentidos certamente virão, mas quem viveu...viu. O fato é que este foi um dos grandes fatores para que o comércio não prosseguisse. Com pouca rentabilidade, por pouca renda, o rival teve que recuar e nós pagamos o pato pela sua inabilidade e dificuldades de comércio, porque o empresariado ou investia nos dois ou em nenhum. E recuaram todos. O Olímpico lotava de 4 em 4 dias. O Grêmio sempre foi uma marca top, aliás, não é à toa que por 16 ou 17 vezes vencemos o Top Mind. Bem, na época da construção do Estádio, no grande esforço do clube então pilotado pelo Grande Hélio Dourado, o Grêmio vendia como água pura e gelada no deserto fosse o que fosse. Então a questão não é com a marca. É de outra natureza. Fazer MKT com grandes vitórias também é mais fácil, e, de se dizer, na ocasião tínhamos um depto. atuante – por sinal capitaneava o setor o mesmo Vice de hoje, Ricardo Vontobel, pelo menos fez isto durante um bom tempo, sendo mais adiante assumido por Daniel Tevah e com Wesley Cárdia de diretor remunerado. Prova interessante de que a marca influencia, Wesley foi recepcionado no Inter com fogos de artifício quando trocou o Grêmio por eles .... mas não houve praticamente nenhuma alteração no cenário e em nenhum sentido. O Grêmio continuou campeão de vendas em tudo – e no campo também. E o número de sócios, sem um plano específico para isto, é verdade, subia dia a dia. O Clube que estava às portas da falência em 1993, se reergueu com uma administração competente e segura de F Koff e chegou ao primeiro passo para retornar forte como nunca: RESULTADO. E a partir dele, com planejamento, estruturou campanhas que se sucediam com sucesso inevitável, uma atrás da outra.

Sem dúvida nenhuma, o RESULTADO, de campo influi. Claro. É fator importante. Em 2005 quando cheguei a Vice do CA na Presidência P Odone o Grêmio possuía pouco mais de 4 mil sócios em dia. Uma população ridícula para uma nação de 7 milhões, mas que sofria a humilhação da 2ª divisão. Carregado por MKT também impotente ( e profissional bom é aquele que faz chover pra cima na adversidade, não o que fatura normalmente nas vacas gordas ...). Ali, pelas mãos de Reinaldo Lopes, passou o ponto de partida para que os sócios do clube chegassem, nada mais nada menos a 50 mil e em pouco tempo. Então a marca Grêmio não tem óbices, ela vende e mesmo. E vende no bom e no mau resultado, ainda que este tenha importância relevante, às vezes essencial, para o objetivo. Esta recuperação social em 2005 do clube é inegável.

2. Mas veja-se um detalhe importantíssimo: havia um foco dirigido no plano de recuperação social. O Grêmio tinha que reunir forças para sair da 2ª divisão, este foi o mote, e a convocação da torcida para integrar-se à associação como forma fundamental de o clube recuperar a credibilidade, a confiança e, claro, a história perdida de um de futebol, com títulos. Então essencial que haja o MOTIVO.

3. E motivo, quando não se tem: se cria. Necessário, portanto, que aliando-se RESULTADO e MOTIVO se ponha em prática o elemento profissional a CRIATIVIDADE. Dos três os dois últimos são os mais importantes. Me convencia disto nos dois exemplos. Futebol é resultado, sim, mas ele chega depois de premissas básicas, não antes.

4. E veja-se que é sim possível, sem o RESULTADO, se criar um MOTIVO e colocar em prática um plano com CRIATIVIDADE que dê certo. Será mais difícil, mas nem por isto inviável. Os exemplos dos dois períodos acima são ilustrativos. No primeiro criamos primeiro o RESULTADO e dele nos aproveitamos ( o Grêmio, entre tantos feitos daquela época, se bem se lembram, foi o clube brasileiro que mais vendeu camisas ......). No segundo, 2005, não tínhamos o resultado, ao contrário: nos dois episódios estávamos, de inicio, no fundo do poço.

5. O Grêmio chegou na marca dos 50 e se estabilizou. Hoje estaria com cerca de 60* mil e reiniciando campanha agora para alcançar os 100. E aonde se localiza a dificuldade para chegar nesta marca ?

6. Vamos dar um giro pelo rival. Existem identificadores evidentes no rival para terem alcançado, como dizem, o número perseguido. Alguns são simples, até, dentro do raciocínio supra.

6.1. Eles tinham um motivo exercido com criatividade pelo setor mais próspero do clube nos últimos 10 anos, o MKT. Qual o motivo que eles usaram ? O CENTENÁRIO. Nada mais próprio que buscar 100 mil tendo em mira o centenário. Quando teve inicio a campanha deles eu talvez tenha sido um dos primeiros a afirmar categoricamente: valerá e de tudo será feito para que alcancem os 100 mil e eu não tenho dúvida de uma coisa = se não chegarem farão chegar, de uma forma ou de outra, por bem ou por mal, o número será obtido. Perdão pela expressão quase chula: tava na cara. Se nas proximidades do centenário o número não apontaria para o êxito, eles mesmo comprariam e distribuiriam graciosamente pela cidade, a quem quer que fosse e quisesse, o título do clube. Errado isto ? Não creio. Estratégia, que foi posta em prática, foi pouco ou nada denunciada pela critica que, aqui, deu mais relevância ao feito do que à forma. Os fins justificavam os meios. O I distribuiu títulos de sócios pelos quatro cantos, a funcionários, para ex atletas, foi uma farra. Sem exageros, até cachorros receberam a tal ´honraria`. Certa vez estampou-se na manchete jornalística a foto de um belo cão cujo dono orgulhava-se de ser o primeiro cachorro a ser sócio do clube. O mais espantoso foi que no dia seguinte apareceu uma senhora brava, no mesmo jornal, reclamando o pioneirismo: eu associei o meu cão primeiro e já faz tempo.... Surreal. Cachorro, gato, papagaio, tartaruga, passarinho, todos os bichinhos de estimação valeram.
 
6.2. Sem exageros à parte ( e por ser a mais absoluta verdade o que acima foi dito ), sabe-se lá o que mais não foi feito para que se chegassem aos 100 mil, mas o que importa, o que efetivamente vale é que eles chegaram: ou ANUNCIARAM que chegaram. Este era o plano e ali estava a criatividade mesmo que pairasse algo duvidoso, a repercussão do fato era mais importante do que todo o resto.
 
6.3. Estampou-se isto no BALANÇO dos clubes. O Grêmio apresentou um balanço com 54 mil sócios e 26 milhões de arrecadação. Eles apresentaram um balanço com mais de 100 mil sócios mas somente 36 milhões arrecadados com isto...... Claro não ?
 
6.3.1. Os ventos sopram de lá que a inadimplência estaria na casa dos 30 mil ( as passagens da CVC tem de ser pagas e talvez alguns, ao menos, não consigam cumprir os dois compromissos .....) Pode ser pode não ser mas, aonde tem fumaça .... que é grande é ... como a tentação do Frei Serapião ....
 
7. Com um planejamento administrativo eficiente e um MKT poderoso eles chegaram ao RESULTADO, de campo.
 
7.1. E este foi por igual importantíssimo, talvez decisivo, para que a motivação tomasse conta do torcedor e adquirisse o título oferecido por um preço – veja-se as diferenças de balanço – muito acessível, mas muito mais acessíve que o nosso.
 
8. No balanço temos que convir, o nosso preço é bem mais elevado. Pelo que se noticia o Grêmio estaria hoje com algo em torno de 60* mil sócios religiosamente em dia (conta do ano passado e em balanço), com o que os 30 mil inadimplentes deles nos deixariam tecnicamente empatados.
 
8.1. Mas não vale. Por que ? Porque, como dito, o que importa é o feito.
 
9. E o que poderia esta obstaculizando chegarmos aos 100 ?
 
9.1. Olha, não sou um expert na matéria. Mas desconfio que além do RESULTADO, não estamos trabalhando um MOTIVO bom e ao menos até aqui parece que a CRIATIVIDADE está sendo ´estudada` ( estou sendo otimista e dando um voto de confiança a quem está lá, penso que devem estar minudentemente estudando o assunto ), mas minha desconfiança vai além.
 
9.2. A ARENA que poderia ser este MOTIVO propulsor de um PLANEJAMENTO adequado para a boa comercialização dos títulos, pode estar – pode, penso eu – sendo um entrave ou um contra motivo para a indecisão do torcedor gremista ( aliado ao preço bem mais caro que o deles até porque eles estão em reforma, nós estamos em construção...).
 
9.3. É necessário que haja mais clareza, para não dizer bastante mais, no que respeita ao destino dos sócios antigos e novos em relação à nova casa.
 
10. Dia desses um amigo foi contemplado com uma enquete que ainda não me chegou e não sei se chegou em vocês. Uma empresa, que se dizia em vias de comercializar a ARENA lançou-lhe algumas perguntas e no final lhe questionou sobre que preço estaria disposto a pagar na sua nova casa. Ele pensou, pensou, e relutante disse: no máximo o dobro, ao que o intelocutor lhe respondeu = isto é muito pouco tornaria o projeto inviável.
 
11. Me parece que cumpriria à direção ser mais clara, mais direta e mais precisa quanto a isto. Vou citar o meu exemplo pessoal. Tentei algumas vezes saber disto exatamente, precisamente, no clube. E fui ter com pessoas que estariam completamente inteiradas do assunto. Me considero uma pessoa esclarecida. E ao fim e ao cabo a ´recomendação` que me foi dada....continua pagando como está e aguarde para ver como ficará.....
 
12. Estou ansioso para ver a ARENA concluída e sempre fui desde o primeiro momento um defensor incondicional dela. Mas se aproxima verdadeiramente a hora de que todas as respostas tem que ser dadas. E bem dadas. Talvez não seja isto, ou só isto, um dos motivos para que esteja difícil alcançar os 100 mil, sem retirar o orgulho dos mais de 60* rigorosamente em dia. Mas certamente é um ponto relevante.
 
Abs tricolores

@cajosias Carlos Josias

60* - como só conseguimos saber os números dos sócio do Grêmio via rádios e jornais, esse número não é exato,  ou seja, esse número pode estar em 67 mil sócios em dia (minha última informação via rádio há 1 mês) - @gremio100mil.

Levem um amigo não sócio até o Quadro Social e ajude fazer a maior torcida do Sul do Brasil ter o maior número de sócios - via @SejaSocioGremio


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