segunda-feira, 27 de junho de 2011

Samba de Uma Nota Só

Dos quatro grandes do Rio, o Botafogo é um dos que melhor recebe os gremistas. Sempre acontecem confraternizações antes do jogo, não só entre as organizadas mas entre os torcedores comuns. A sensação de segurança no deslocamento até o Engenhão, os torcedores adversários dizendo “sejam muito bem-vindos” e “estão sendo bem tratados aqui?” dão mostras de que é possível sermos adversários sem sermos inimigos.

Mas a parte boa do jogo de ontem acabou por aí.

Quem lê meus textos com alguma frequência ou acompanha meus comentários no Twitter sabe que eu sempre defendi o Renato. Pra mim ele é Rei e estava sempre certo. Mas depois do jogo de ontem, não consigo mais defender meu ídolo. Renato errou. Escalou um time defensivo demais para atuar contra um Botafogo que não dispunha de seus dois principais jogadores, Loco Abreu e Jefferson. E confiou ao fraquíssimo Lins a missão de finalizar os contra-ataques do 4-5-1 com que o time entrou em campo. Não aproveitou Leandro por tempo suficiente. Meu querido Renato agora é o novo Professor Pardal do futebol brasileiro, com invenções técnicas e táticas imcompreensíveis, como colocar mais de dois laterais em campo ao mesmo tempo.

Ontem ficou claro o quanto o Lins não serve. O quanto o Renato erra ao não colocar Leandro pra começar. O quanto Rochenback faz falta. O quanto o Fernando ainda é imaturo. E o quanto o Douglas só joga quando quer.
Há muito deixei de acreditar na Maldição do Rio de Janeiro, da qual já reclamei e esbravejei tantas vezes. Na verdade, não é o mar de Copacabana que faz mal aos nossos jogadores. O Grêmio vem consistentemente mal com alguns lampejos de bom futebol. Peca por anos de falta de planejamento e por falta de senso de urgência. Enquanto Antônio Vicente Martins afirma que ‘não há prazo para reforços’, o Grêmio agoniza numa pequenez que não se via desde 1991.
Planejamento é trabalho de longo prazo. Não vai aparecer numa gestão de dois anos. Este pra mim é o nosso calcanhar de aquiles. As brigas políticas internas. Se uma gestão entrar forte em planejamento os resultados provavelmente só surgirão no próximo termo. E os louros também. Parece que nossos caciques preferem assim. Pequenos paliativos de curto prazo que o torcedor vai lembrar quem fez.
Os 20 minutos de apagão do Engenhão foram nada perto do apagão do Grêmio. Não apenas ontem. O Grêmio vem de uma década apagada, sem grandes títulos desde a Copa do Brasil de 2001. O Grêmio apagou em campo ontem e mostrou para todos nós que sem reforços urgentes não dá. E sem um planejamento consistente, só na década que vem.
(publicado também no globoesporte.com)

@anniefim
 
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