segunda-feira, 27 de junho de 2011

Grêmio x usurpador

Já disse o sábio Peninha: “o futebol é uma metáfora da vida” e como acontece na vida real nas horas difíceis os gatos saem de casa e só voltam quando tem certeza que todo está bem e calmo. Voltam atrás de mais alimento e conforto. Alguns torcedores são assim, simplesmente desaparecem, mas tem aqueles que por pura irracionalidade ou amor como queiram definir continuam agarrados ao barco independente se o naufrágio é eminente ou se já aconteceu eles simplesmente afundam junto e pronto.

Vocês devem estar se perguntando onde quero chegar correto?! Serei então mais clara, alguns gremistas já pularam fora do barco e até torcem contra para no fim poderem dizer: “Eu falei” mas do mesmo modo existe a torcida fiel que permanece e apóia, independente da crise que se estabelece. Quanto a mim? Sou daqueles que permanecem, mas permanecem sem entender muito bem o porquê. Deve ser aquele sentimento irracional que tenho por esse espírito, sim porque o Grêmio não é simplesmente um time de futebol, é um ideal, um sonho um espírito. Tudo bem, se defendo todas essas teses porque tenho dúvidas de porque ainda estou no barco? É simples, por mais que eu busque, revire e até imagine não vejo no Grêmio hoje sequer um resquício da “ALMA DO IMORTAL” e pergunto aos mais fanáticos: Vocês vêem o Grêmio que tanto defendemos entrar em campo? Viram nos últimos anos?

Mas, o que realmente me motiva a escrever esse texto foi a conquista do Santos depois de quase 50 anos na Libertadores, mas não pelo Santos e sim pelo Peñarol, time que torci ardentemente para que fosse campeão dessa edição. Diga-se de passagem uma edição “sem graça” podem me repreender se estou errada, mas LA sem Boca, River, Independiente, Nacional, Estudiantes nas fases finais não tem “a cara da Libertadores”. Ainda que chegou a final o Peñarol se não seria completamente descaracterizada. E o time do Peñarol me fez lembrar o Grêmio de 2007 que chegou a final se arrastando, conseguindo recuperações heróicas quando ninguém mais acreditava, mas perdeu a final.

O que mais me incomoda é não conseguir achar resquícios do futebol raça do Grêmio, “falta faz parte” disse Peninha, é a mais pura verdade. Zagueiro tem que ser xerife, tem que colocar medo, e se levar o drible tem que fazer a falta mesmo! Já estou até vendo os que vão dizer que a presente narradora defende a violência, não eu defendo a raça, o desconforto com a derrota, a garra e a VONTADE DE VENCER mesmo se a qualidade técnica for inferior. Já me perguntei se precisaríamos reformular nossa idéia quanto ao estilo do futebol raça praticado pelo Grêmio até 2007, e hoje depois de bastante refletir acho que não, aliás tenho certeza que não. Um time não pode ganhar no grito? Ah mas pode sim, pode ganhar no grito tanto da torcida quanto dentro de campo. A torcida do Grêmio continua com a mesma alma, quem está totalmente fora de sincronia é o time. As vezes olho alguns jogadores e tenho a impressão de que eles se perguntam o que estão fazendo no Grêmio, e a torcida se pergunta o mesmo. Não queremos espetáculos, queremos a agonia de volta, a esperança de que no último minuto o gol virá. A diferença é que exigimos, exatamente, EXIGIMOS o fim desse jejum de títulos.

Aos corneiteiros: Não, não vi meu time ser Campeão do Mundo ao vivo, mas tive outro privilégio que vocês não tiveram: Nasci campeã. Entendo a necessidade de tentar em algum momento mostrar alguma superioridade, vocês passaram 97 anos sendo motivo de piada pelo nome que carregavam sem ter sequer um título Internacional, nosso jejum é menor, e as piadas só começaram de verdade no ano passado. Mas querem saber, isso vai acabar logo logo e tudo vai voltar ao seu lugar.

Aos remanescentes: Notei que as gerações anteriores a minha veneram a geração do Grêmio de 80 que realmente foi a que obteve mais êxito sendo realmente campeã de todos os campeonatos importantes que disputou, só não foi mais porque roubar para times do “umbigo” do país é tradição antiga. Mas eu, e certamente toda minha geração sente realmente saudade e da irreverência de Paulo Nunes, dos gols de cabeça do atacante que devia ter sido reserva, mas na verdade se tornou Jardel, e nos fez admirar o centro-avante que só fazia gols de cabeça. Saudades de Danrlei, “rei das copas”, que brigava sim pelo time que ama. De Dinho batendo pênalti no seu estilo peculiar e fazendo da zaga território perigoso para o adversário, de Goiano, Carlos Miguel, Rivarola, Arce, Adilson, Arilson, Roger e claro Felipão, que não tinha vergonha de dizer: “Se tiver que fazer falta faz, mas para ele” claro todos sabemos que não com essa delicadeza. Não estou reclamando de Renato, continuo achando ele um “santo”, por continuar no comando de um time tão desfalcado. Só acho que ele não tem que tentar montar um time perfeito, com jogadas bonitas, uma espécie de tentativa de futebol arte no Grêmio. Isso jamais dará certo. Se vocês ficaram é porque assim como eu sabem que a má fase vai passar. Muitos vão ter que morder a língua, espero sinceramente que eu não seja uma delas, espero sim que o Grêmio seja campeão mas que não instaurem o futebol arte, se não serei obrigada a me mudar para o país ao lado: Uruguai. Espero ver Renato ser tão campeão como técnico como foi como jogador, espero ver os jogos emocionantes novamente, espero soltar o grito da garganta, tirar a mágoa do peito, ESPERO MEU GRÊMIO DE VOLTA.

@alineremus texto retirado do blog alineremus.blogspot.com

 
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