segunda-feira, 4 de julho de 2011

A incógnita Julio Camargo

Acompanho futebol há algum tempo. Com isso, acabo acompanhando também a carreira de diversos jogadores, técnicos e pessoas ligadas ao esporte. Por isso mesmo, me surpreendi ao ficar tanto tempo sem opinião sobre a contratação de Julio Camargo como novo técnico do Grêmio.

Confesso que sabia muito pouco a respeito do Julio (chamo Julio porque não acho que diminutivos combinem com o Grêmio). Sei que ele é um bom revelador de talentos, costuma aproveitar os guris da base e tem bons conhecimentos de técnica e tática. Além disso, é cria do Grêmio. Mas, mesmo com todos esses predicados, tenho dúvidas de que sua contratação foi a melhor para o Tricolor.

Primeiro, o óbvio. Julio Camargo tomou o lugar simplesmente do nosso maior ídolo. Ele não tem culpa e, no dia que o Renato chegou, todos sabíamos que isso aconteceria. É inegável que ficou uma sombra, um vazio na nossa casamata que o Julio não conseguirá preencher.

Segundo, o fator Tradicional Adversário. Não gosto da ideia de ver no Grêmio o então auxiliar técnico deles. Por mais que Julio fosse o técnico e Falcão o avatar, a Rainha da Inglaterra, me parece que estamos nos contentando com pouco. Afinal, se Julio é tão bom, por que precisava ficar à sombra do pseudo-técnico Falcão?

Terceiro, e talvez mais importante. Julio é um cara acostumado a lidar com a base, com os guris. Pegar um time de jogadores que se acham estrelas como Douglas e Gabriel é novidade pra ele. Dirigir estrelas de verdade como Gilberto Silva e Victor também. Será que ele terá pulso com esses medalhões? Será que os colocará na linha como, bem ou mal, o Renato fazia? Há uma diferença enorme entre comandar um monte de guris doidos para crescer e meia dúzia de jogadores que acham que estão com a vida ganha.

Por isso, tenho minhas dúvidas se Julio foi a melhor aposta. Porque é isso que ele é, uma aposta de baixo custo. Se der certo, pode ser o novo Felipão, o novo Mano. Essa é a maior chance da carreira dele até agora. Ele precisa saber conviver com a cobrança da equipe profissional do Grêmio, com a sombra do Renato, com o fato de ser uma aposta e de ter que lidar com um grupo bem diferente do que está acostumado. Talvez sejam pratos demais para equilibrar. Mas, se ele conseguir - e torço para que isso aconteça - será a volta daquele Grêmio de que tanto sentimos falta. Um time raçudo, pegador, que mete medo nos adversários e que não precisa de rios de dinheiro para ganhar títulos.

Foto: globoesporte.com

@anniefim
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