sexta-feira, 7 de junho de 2013

Um ídolo forjado à garra, coração e coragem! Uma lenda que originou um time mitológico. Um ´LARA` contemporâneo

Coluna do Carlos Josias: Diretor Jurídico do Grêmio 93/98, Conselheiro 94/2010 e Vice-Presidente 2005/07. Josias @cajosias é colunista do Grêmio 100mil. www.facebook.com/cjosias.oliveira







INTRODUÇÃO = esta coluna foi escrita em 13.12.2009 - tive o ímpeto de reproduzi-la porque se trata de um ídolo sempre atual. Precisamos de um ídolo destes para voltar a trilhar o caminho do qual nos desviamos desde 2001, ano no qual ele, o craque do gol, o herdeiro de Lara, conquistou ali, na goleira, nossa última grande taça... que se inspirem nele os que somos hoje !
  
Era 30 de agosto de 1995. Às 5 horas da manhã Porto Alegre estava às escuras quando um voo fretado partiu com destino a Medellín, na Colômbia, deixando um Salgado Filho silencioso, frio e úmido. Mais de trezentos torcedores a bordo, na fuselagem estava o destino em letras garrafais: RUMO A TÓKIO. Há algumas horas dali o Aeroporto José Maria Córdova, perto de onde Carlos Gardel havia deixado o tango e esta vida para trás, aguardava com expectativa a chegada de um tsunami chamado ´torcida tricolor`. Do aeroporto ao hotel prosseguiu a marcha que resultaria heroica, a cidade estrangeira estava sendo ´tomada` e paralisada começava a assistir um fenômeno nunca antes visto.

E, na chegada, tinha Fábio Koff e Cacalo cumprimentando um a um todos os torcedores no desembarque: não é só no pátio em dia de eleições que eles são vistos cumprimentando a torcida senhores – como insinuam vez que outra, desinformados de ocasião, aqueles que da história do nosso Grêmio nada conhecem ou fingem desconhecer e pouco participaram e se arvoram a dizer que são os donos desta paixão enlouquecida e alucinante que toma conta dos corações de sete milhões de torcedores.

Para frequentarem as filas de eleições eles ergueram, antes, muitas e muitas taças e as derrubaram sobre nossas almas sequiosas de conquistas, estas obtidas não aos gritos narcisos-tarzânicos e lágrimas teatrais, mas na garra, na gana, com talento e competência, amor desmedido, sacrifício, altruísmo, sem bandeiras de promoções pessoais para angariarem projeções individuais em carreiras outras, e acima de tudo em equipe como sempre o Grêmio conquistou tudo.

Aqui, além de um aeroporto úmido e frio, ficou uma multidão, uma legião, uma imensidão de torcedores agarrados às suas rezas, aos seus patuás, aos seus santos, aos seus amores todos com um só foco, e uma invencível convicção: temos equipe!

E equipe se alcança primeiro fora, depois dentro de campo. E lá dentro, onde tudo realmente se decide, por onde começa um grande e inesquecível time? Por onde começa um time mitológico que arrebata tudo que vê pela frente, que se nega a perder, que soma conquistas umas por sobre as outras e que não dá tempo sequer do torcedor respirar aliviado por uma glória porque já lhe empurra outra, que não vê cor na imprensa – porque esta sequer tem tempo de achar outra no Estado, no Brasil e no mundo – que não se intimida com arbitragem ruim ou prepotente, que corre a laço e a drible quem quer que apareça por nossas bandas metido a macho, periquito ou macaco, por onde afinal começa este time que se recusa a ser derrotado, que vira placar, que segura jogo, que massacra o inimigo, que acumula vitórias ano após ano, que não se contenta com um ano só de fama? Por onde?

Tanta expectativa, tanta emoção, tanta angústia, tanto nervosismo, tanta aflição. 7 milhões de almas com os olhos voltados para um único lugar. O Estádio Atanasio Girardot abrigava 50 mil pessoas. Lotação total. Era um mar verde. O árbitro, SALVADOR IMPERATORE andava de um lado para o outro esperando que a imensa multidão de pessoas que estava dentro dá área de jogo terminasse trabalhos de reportagem, entre outros, para dar inicio a 90 minutos que ficariam registrados para 90 mil séculos. Porto Alegre estava às escuras, tal qual ficara quando aquele avião fretado partiu, só que agora era noite, e agora era agora ou nunca. Milhões de olhos em todo o país, do primeiro até o ultimo reduto brasileiro, estavam paralisados na telinha de TV. Só se ouvia um brado: olê, olê, olê, Nacional, olê, olê, olê, Nacional… Nacional… Quem tem coração que aguente.

O Repórter chega perto dele, que se aquece alheio a tudo, com um ar de quem está se aprontando para ir ao cinema, e pergunta gritando, para ser ouvido, ao microfone:

- Esse canto ensurdecedor do estádio não vai perturbar o time em campo ?

Resposta – Que canto ?

Repórter – Este que a torcida entoa ?

Resposta (colocando a mão na orelha como quem faz um esforço para ouvir) – Escuta, presta atenção, eles estão gritando: DANRLEI, DANRLEI, DANRLEI. 

A homenagem do dia 12 é mais do que justa, é DEVIDA. Em 2001 pedi no Conselho Deliberativo que fosse concedida uma láurea a este HOMEM GREMISTA. Na época o Grêmio efervescia politicamente, e uma das ´desculpas` para que isto não ocorresse era a de que ele ainda estava em atividade no clube. Hoje não está mais. E penso que seria hora de sacramentar nosso maior símbolo moderno.

Uma equipe dentro de campo, amigos, que quer conquistar e empilhar títulos como a de 93/98 inicia por um GRANDE HOMEM, tem que ser mais do que atleta, tem que ser mais do que jogador de futebol, não basta ser aguerrido e forte, TEM QUE TER A CARA DO GRÊMIO, TEM QUE SER DANRLEI!



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